16 de setembro de 2013

Comecemos por uma célebre tarde de novembro que eu nunca esqueci

Muitos conhecem a série Capitu, dirigida por Luiz Fernando Carvalho. Depois de ter sido transmitida na televisão, ficou disponível em lojas e na internet. Gostei bastante da série, considerando que Machado de Assis é meu escritor favorito e Capitu, uma de minhas personagens do coração. Sempre quis baixar, mas também sempre esquecia. 

Cheguei nesse assunto porque enfim baixei a série e agora ela faz parte da minha coleção. A essa altura não é mais uma novidade, ainda assim recomendo muitíssimo pra quem gosta de Dom Casmurro e ainda não viu; aliás, ela pode ser também um estímulo a quem nunca leu a obra. 


A série tem cinco episódios que contam a vida de Bento e Capitolina. O enredo é mais que conhecido: os olhos, o penteado, a união, a traição – ou será que não? Mas o que eu queria acrescentar aqui e que me chamou a atenção é o início (se bem que isso também se repita no final), essa mistura entre passado e atualidade, a mistura de imagens antigas com as recentes, por exemplo, as imagens dos trens; o encontro de Bento com o rapaz que ele conhecia “de vista e de chapéu” num trem do século XXI. Além disso, gostei da trilha sonora que logo no primeiro episódio nos oferece Elephunt Gun do Beirut que continua aparecendo em todos os outros episódios; a beleza do amor jovem e cheio de esperanças; a desconfiança, os olhares, as evidências... Indico pra quem gosta de séries e principalmente de literatura!

4 de agosto de 2013

Coleção de filmes europeus



Em 2011 foi lançado o projeto editorial “Coleção Folha Cine Europeu”, feito pela Editora Moderna para a Folha de S.Paulo. São vinte e cinco volumes que trazem o Dvd do filme em questão e também textos de apresentação. Esses textos falam sobre o filme, o diretor, os atores e a fotografia. Eu tenho apenas quatro desses volumes: Cinema paradiso, de Giuseppe Tornatore; Morangos silvestres, de Ingmar Bergman; A liberdade é azul, de Krzysztof Kieslowski e Madame Bovary, de Claude Chabrol. Confesso que compraria outros, mas na época resolvi, dentre todos, comprar apenas esses, dois por já conhecer e dois por curiosidade. Meus preferidos – e os que já conhecia – são Morangos silvestres e Madame Bovary.




Gosto muito de coleções. Inclusive, para um post futuro, devo falar sobre meus exemplares da coleção da Abril “Grandes mestres”.

Voltando aos filmes...
Bergman é um roteirista e diretor incrível! Todos os seus filmes transmitem de modo impecável o sonho e a realidade. Ele faz isso sem avisar, sem usar recursos que marquem a passagem de uma atmosfera a outra; isso prende o espectador e o chama a perceber as imagens e construir um sentido com elas. Seus roteiros inserem as personagens numa aura de grande reflexão e isso é extremamente marcante na personagem principal de Morangos silvestres, o professor aposentado Isak, interpretado por Victor Sjöström.

Quanto a Madame Bovary, devo confessar que o filme me despertou curiosidade porque eu já tinha lido o livro – minha edição é a da L&PM Pocket. Emma Bovary, interpretada por Isabelle Huppert, é uma mulher entediada que vive com o pai no campo; casa-se com um médico para enfim sair de casa, mas logo se cansa da rotina... Suas leituras cheias de paixão lhe despertam o desejo de também viver um romance de aventuras. Para isso, como escape para sua vida tediosa, Emma busca a concretização da sua imaginação na figura dos amantes.




Bom, não vou me estender mais falando sobre os filmes em si, no caso, sobre as sinopses. Nesse post eu quis falar sobre a coleção de modo mais geral, apenas apontando algumas das minhas preferências. Mas se quiserem mais detalhes, posso fazer um outro post dedicado a resenhas desses filmes. Qualquer coisa, peçam!


30 de julho de 2013

Sobre os filmes do mês

O mês das férias foi o período ideal para colocar em dia minhas visitas ao cinema. Fui ver quatro filmes: Star Trek – Além da escuridão, Universidade monstros, Turbo e Minha mãe é uma peça. A essa altura, alguns deles possivelmente nem estarão mais em cartaz, mas enfim, serve como dica para quando os DVD’s saírem. Vou contar as minhas impressões de cada um...

 ▪ Star Trek - Além da escuridão: em primeiro lugar: nesse filme o 3D valeu muito a pena, é a melhor maneira de ver a Enterprise! É empolgante!Na realidade, quando o assunto é Star Trek, não acho que seja necessária uma grande apresentação, por isso lá vai a informação básica: o eixo do filme mostra que o capitão Kirk e sua tripulação tem como objetivo capturar Harrison num planetoide dentro do Império Klingon. Os fãs – a essa altura – já sabem do resto. Me apaixonei pelo filme! E não posso deixar de comentar a atuação de Zachary Quinto como Spock... Surpreendente! Enfim, eu recomendo muitíssimo!


▪ Universidade monstros: o desenho apresenta o começo de James P. Sullivan e Mike Wazowski na carreira monstro e evidencia os altos e baixos da relação entre eles. Mike e Sulley são forçados a participar da mesma equipe se quiserem continuar a frequentar a universidade; nesse time, apesar dos obstáculos, eles tem de aprender a conviver um com o outro e superar os desafios.



▪ Turbo: um desenho divertido e com lições para crianças e adultos! É basicamente a trajetória de um caracol chamado Theo, apaixonado por velocidade e por corridas transmitidas pela TV. Apesar de sua natureza impor a lentidão, Turbo – é assim que se autodenomina depois de começar a correr – é um bom exemplo de persistência. Ele ganha velocidade e mostra o quão forte pode ser para atingir seu sonho. Recomendo muito!


▪ Minha mãe é uma peça (ganhei ingressos pra esse): Dona Hermínia é uma mãe que está sempre atrás de seus filhos pra garantir que não estejam fazendo besteira. Um dia descobre que eles a consideram uma chata e resolve sair de casa para lhes dar uma lição. De modo geral é bom para entreter, mas é um filme que normalmente não escolheria para ver no cinema.

14 de julho de 2013

Meu primeiro livro e um pouco da história tipográfica

Um dos trabalhos da faculdade nesse semestre que passou foi a produção de um livro em todas as suas etapas... Tive que revisar o texto, ou seja, verificá-lo e corrigi-lo; prepará-lo no programa de edição; imprimir; colar/costurar; escolher os papéis, a fonte, as cores, pensar em cada detalhe e fazer todo o acabamento. Tomou tempo e foi cansativo, mas o resultado me deixou muito contente! Aqui está o primeiro livro editado por mim...



O texto foi retirado do livro Manual tipográfico de Giambattista Bodoni e alterado para que houvessem erros para corrigir. Esse ano traz a comemoração dos 200 anos do tipógrafo Bodoni e esse livro foi também uma forma de homenageá-lo. Só depois de passar um período planejando e produzindo o livro é que nos damos conta - plenamente - de como todo esse processo é trabalhoso e como exige extremo cuidado. Estou feliz por ter escolhido seguir a carreira de editora; ela me deixa sempre perto dos livros!

11 de julho de 2013

"Eu vou te acompanhar de fitas, te ajudo a decorar os dias"

O blog e a página do amável formalidade no facebook agora estão com novas ilustrações, todas feitas por mim - contando, é claro, com ajuda técnica e psicológica (leia-se insistência) de uma pessoa amada! Foi um processo mais difícil do ponto de vista da imaginação do que da própria prática... Desenhar é sempre incrível pra mim, assim como escrever. 

Só agora consegui completar os desenhos e editá-los porque, enfim, estou de férias da faculdade. Esse semestre foi bem cheio, mas pretendo começar a postar com mais frequência. Tenho alguns temas em mente, mas ainda preciso desenvolvê-los... E um post muito especial será publicado em breve!



22 de junho de 2013

Feliz anivesário mestre!

Obrigada pela herança! Sua obra não poderia ser mais amável!
Neste dia homenageio Machado de Assis com este que é um dos meus capítulos favoritos de Dom Casmurro. Boa leitura!
CAPÍTULO XXXII
OLHOS DE RESSACA
Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no qual não sei
se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as coisas, como eu. É o que contarei no
outro capítulo. Neste direi somente que, passados alguns dias do ajuste com o
agregado, fui ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D. Fortunata, que
estava no quintal, nem esperou que eu lhe perguntasse pela filha.

— Está na sala, penteando o cabelo, disse-me; vá devagarzinho para lhe pregar
um susto.

Fui devagar, mas ou o pé ou o espelho traiu-me. Este pode ser que não fosse; era
um espelhinho de pataca (perdoai a barateza), comprado a um mascate italiano,
moldura tosca, argolinha de latão, pendente da parede, entre as duas janelas. Se
não foi ele, foi o pé. Um ou outro, a verdade é que, apenas entrei na sala, pente,
cabelos, toda ela voou pelos ares, e só lhe ouvi esta pergunta:

— Há alguma coisa?

— Não há nada, respondi; vim ver você antes que o Padre Cabral chegue para a
lição. Como passou a noite?

— Eu bem. José Dias ainda não falou?

— Parece que não.

— Mas então quando fala?

— Disse-me que hoje ou amanhã pretende tocar no assunto; não vai logo de
pancada, falará assim por alto e por longe, um toque. Depois, entrará em matéria.
Quer primeiro ver se mamãe tem a resolução feita...

— Que tem, tem, interrompeu Capitu. E se não fosse preciso alguém para vencer
já, e de todo, não se lhe falaria. Eu já nem sei se José Dias poderá influir tanto;
acho que fará tudo, se sentir que você realmente não quer ser padre, mas poderá
alcançar?... Ele é atendido; se, porém... É um inferno isto! Você teime com ele,
Bentinho.

— Teimo; hoje mesmo ele há de falar.
— Você jura?

— Juro! Deixe ver os olhos, Capitu.

Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua
e dissimulada." Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria
ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me
perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a
doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu
outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de
perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que
entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...

Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que
foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra
da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de
ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido
misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se
retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras
partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas
tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e
escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos
gastamos naquele jogo? Só os relógios do Céu terão marcado esse tempo infinito
e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de
querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos
bem-aventurados do Céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido
no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das delícias que terão
gozado no Céu os seus desafetos aumentará as dores aos condenados do inferno.
Este outro suplício escapou ao divino Dante; mas eu não estou aqui para emendar
poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me
definitivamente aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe, —
para dizer alguma coisa, — que era capaz de os pentear, se quisesse.

— Você?

— Eu mesmo. — Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.

— Se embaraçar, você desembaraça depois.

— Vamos ver.

7 de junho de 2013

Visita ao Atelier Luiz Fernando Machado


Tive a oportunidade de conhecer um atelier muito especial no mês de abril. Como a própria descrição do espaço sugere, a proposta é unir o passado com a modernidade. O designer Luiz Fernando Machado foi quem deu vida ao trabalho e é quem agora nos oferece produtos personalizados. Todos eles são feitos de modo artesanal.

Foto da vitrine (tirada de dentro do atelier)

Ao chegar lá nos deparamos com o cuidado com que tudo é arranjado. A decoração chama a atenção e começa logo na vitrine! Lá dentro, todo o encantamento continua nas prateleiras e mesinhas.


Cupcakes (ou bolinhos, pra quem preferir) de papel


O amor prossegue com os cadernos, bloquinhos, miniaturas...

Miniaturas de livros


As mesas, as prateleiras, os produtos e todo o processo de produção são extremamente organizados. Acompanhei, com meus colegas de faculdade, a fixação do couro na encadernação, as nervuras na lombada, a douração, a gravação com florão e a marmorização dos papéis. A encadernação artística é puro engenho!

Vale a visita!

http://www.ateliermachado.com.br/